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São dois na soma magnífica. Soma que não só acrescenta, mas acresce. Soma jamais concluída, pois bem mais que mera operação é oração, bem mais que mera ação, é amor.

Há,   há sem dúvida exímio saber no escrutar paciente & rigoroso da pauta, no acariciar das teclas & das cordas, no acordo - precário sempre & preciosíssimo - de dois personalidades tão singulares.

Mas muito mais aquém de horas de práctica, há anos de peregrinação. Muito além da perícia, a paixão.

 

Sublime, sublime é a translação que de parda chrysalide faz volitar a chromática borboleta, ou da chuva nascer o arco-íris; & assim mesmo, a que de runas sobre rectas paralelas faz alar a música.

E é esse mesmo o mister, esse mesmo o mystério que cumprem os meu amigos Ana Cláudia & Miguel, ela senhora do amplo leque do piano, ele mestre do compacto cerne do cello.

 

Poderia falar-vos da profícua mestria deste duo. Sem dúvida alguma. Ou da sua ousada opção pela criação contemporânea.

 

Mas o que me importa não é a téchnica, mas o excelso. O desígnio, o desejo & o dom - & são eles que conferem ao Σ o acréscimo de alma de que tanto o nosso tempo carece, & que é da marca da música vera...

- Miguel Mesquita da Cunha -

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